Gjør som tusenvis av andre bokelskere
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Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. Nesta conhecida definição de Ítalo Calvino, coloca-se o problema crucial da comunicação entre formulações do passado e preocupações do presente na pesquisa dos clássicos. E ela resume perfeitamente o livro de Andre Veiga Bittencourt que o leitor tem a sorte de ter em mãos, pois está prestes a saber muito daquilo que Populações meridionais do Brasil, de Oliveira Vianna, ainda tem a nos dizer, mesmo depois de mais de noventa anos de sua publicação original. Trata-se de um clássico dos ensaios de intepretação do Brasil que, ao lado de livros de Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr., tanto modelou as perguntas e os modos de perguntar ainda hoje válidos sobre a nossa sociedade, seus desafios e dilemas. Para fazer um clássico dizer aquilo que tinha para dizer, e que, talvez, muitos não quiseram (ou não puderam) ouvir ao longo de décadas, é preciso sem dúvida um trabalho inovador, árduo e atento. Baseado em pesquisa documental sistemática fina realizada durante anos no arquivo da Casa de Oliveira Vianna, em Niterói, RJ, que envolveu diferentes pesquisadores, O Brasil e suas diferenças propõe de modo autoral uma leitura genética ou em processo de Populações meridionais do Brasil. Para tanto, mobiliza diferentes materiais primários que lhes são tanto constitutivos quanto desconhecidos mesmo entre especialistas. Assim, rascunhos, primeiras versões, artigos de imprensa, correspondência e outros materiais que testemunham a gênese do livro de Vianna dão nova inteligibilidade às suas formulações e permitem uma aproximação mais matizada ao caráter sempre contingente dos seus contextos. Irrompendo camadas de interpretações cristalizadas ao longo de décadas, novos sentidos sociológicos sobre Oliveira Vianna são propostos neste livro de Andre Bittencourt, que, por isso, colabora significativamente para atualizar, na área do pensamento social brasileiro, aquilo que Wright Mills chamou de artesanato intelectual na sociologia. ¿ André Botelho
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