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Ao contrário do que se diz, o deserto é um território fértil. Ao menos para Bahiyyih Nakhjavani, que, a partir de uma trama complexa, faz convergir nas areias árabes um grupo de personagens que têm suas trajetórias costuradas por um misterioso alforje. Uma noiva que viaja para encontrar o futuro marido, um padre em peregrinação, um beduíno de alma livre e uma escrava falacha são alguns dos retratos que a autora pinta com maestria e profundidade. Ainda que tenham origens, crenças e desejos muito diferentes, todos os viajantes terão a vida transformada pelas escrituras sagradas.
Vivemos simultaneamente em dois corpos: o corpo biológico, que é o corpo dos órgãos e das funções, o corpo que figura nas pranchas de anatomia, aquele que examinamos no microscópio ou que tratamos com antibióticos; e o corpo erótico, que é o corpo vivido, aquele que ¿habitamos¿, através do qual experimentamos a vida, o sofrimento, o prazer, a excitação sexual, o desejo. Um é inato, o corpo biológico. A partir dele constrói-se gradativamente o outro corpo, o corpo erótico, que, portanto, é da ordem do adquirido. Este livro explica o processo pelo qual o corpo erótico se descola pouco a pouco do corpo biológico. Da qualidade e da progressão desse processo depende o advento do corpo erógeno, que é uma das formas em que a infância é memorizada no adulto. O que acontece quando esse processo encontra obstáculos que o dificultam? Uma vulnerabilidade do corpo pode se manifestar pela formação de sintomas psicopatológicos, mas também por arranjos defensivos que reduzem a sensibilidade ao sofrimento (tanto ao próprio sofrimento quanto ao sofrimento alheio), como no caso dos psicopatas, por exemplo. Podemos então, com base nisso, formar uma concepção psicanalítica do senso moral?
Um extraordinário livro de memórias ¿ contado inteiramente através de experiências de quase morte ¿ de uma das romancistas mais vendidas da Grã-Bretanha. Nunca estamos mais perto da vida do que quando nos confrontamos com a possibilidade da morte. Existo, existo, existo é o espantoso livro de memórias de Maggie O¿Farrell sobre as experiências de quase morte que pontuaram e definiram sua vida. A doença da infância que a deixou de cama por um ano, à qual não esperavam que sobrevivesse. Um desejo adolescente de fuga que quase terminou em desastre. Um encontro com um homem perturbado numa trilha remota. E, o mais aterrador de tudo, uma luta diária e contínua para proteger sua filha ¿ para quem este livro foi escrito ¿ de um problema de saúde que a deixa inimaginavelmente vulnerável à miríade de perigos da vida. Dezessete encontros discretos com Maggie em diferentes idades, em diferentes locais, revelam toda uma vida em uma série de instantâneos visuais e viscerais. Numa prosa tensa que vibra com eletricidade e emoção contida, O¿Farrell capta os perigos correndo logo abaixo da superfície e ilumina a preciosidade, a beleza e os mistérios da própria vida.
De volta à casa modernista onde cresceu, Alice revive a tragédia que marcou sua adolescência. Em uma pequena cidade, o início de uma misteriosa construção modifica a rotina das irmãs Lina e Titi. Clara, aspirante a escritora, emprega-se em um hotel da serra e transforma-se no Capitão Capivara. Nas três histórias de Pó de parede, as personagem encaram com sarcasmo e delicadeza as suas desilusões, revelando o lado melancólico da juventude.
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